Vento que sopra na folha Folha que canta no chão Chão que se arrasta vassoura Varre a poeira e o porão Todo o silêncio de agora Zune e assovia a canção Veja que o vento, lá fora É um vento de viração Bufa na barra do dia E o sol não sai de manhã Do braço o pelo arrepia Que a casa é de telha-vã Se o céu de nuvem encapela Visto o casaco de lã Se o vento bate na vela Peço pra dona Iansã Que traga o amor para casa E eu possa olhar os seus olhos de avelã Olhos que me fazem brasa Um flash, um quasar, um raio de Tupã Tem pé de vento na roupa Vento que estufa pulmão Embora, de vento em popa Às vezes ele é um tufão Tem vento que nada poupa Que dá na cara com a mão Vento que assopra na sopa Inflama, acende o carvão Vento que a treva dissipa Empina a pipa no céu Que ondula o mar de tulipas No mar de Montevidéu Vento, que gruda a camisa Muda de brisa a tropel Um redemunho, que cisma Bota no mar o escarcéu Tem vento bravo que leva Tem vento breve que traz o que levou Vento que lava minh’alma Vento, de leve, que acalma Vento que trouxe o perfume da flor Que trouxe a dama-da-noite Da noite que venta doce em nosso amor