Daqui do andar de baixo eu vivo aflito assistindo a sua farra Zombaria e deboche, histeria e gemidos: Pura algazarra Teu sapato granfino estremece meu teto e perturba meu sono de morte Às cinco da manhã pra labuta eu desperto, por aqui não existe tal sorte Seu desprezo levanta a velha bandeira, e eu faço a distância ideal Sua propriedade demarca a fronteira, o restante é ralé infernal Eu vivo regrado, mas quando há algo errado, a culpa só cabe a mim A lei não ensina apontar para cima, pra baixo encontra o seu fim A rédea anda curta e só toma esculacho (A culpa é de quem tá no andar de baixo) É o ódio burguês, que termina em escracho (A culpa é de quem tá no andar de baixo) Então cala tua boca e sossega teu facho (A culpa é de quem tá no andar de baixo) Já recebe esmola e a raspa do tacho (A culpa é de quem tá no andar de baixo)