Não quero ter que crescer Não me obrigue Quero voltar a ser criança Ou me tornar um louco de cara Quero poder me divertir Não levar nada a sério A vida de adulto é cruel, é dura Não gosto de obrigações Não gosto de trabalhar Só quero estudar e brincar Talvéz me embriagar Quero ter tempo pra não saber Quero tempo pra nada fazer Quero poder fingir não ser Ou realmente não ser Quero dormir e acordar tarde Quero brigar com todo mundo Quero namorar sem compromisso Quero uma inocência que se acha esperta Não quero despertar pra vida Quero enlouquecer consciente E raciocinar no vazio Correr do cansaço Matar a água por afogamento Queimar o fogo que me esquenta Quero importunar, poder gritar Quero te lamber como um cão E atacar como um leão Quero o poder de ser eterno Rezar como um ateu Violentar o silêncio de uma noite fria Rasgar tua roupa Dormir ao raiar dum novo dia Quero a liberdade de expressão Quero ser um qualquer, um João Da farinha ser o pão Da paixão, o ardor Lembranças não quero Quero viver dia após dia Estourar as caixas de som do rádio do meu pai Mandar todo mundo a merda E esbravejar sem parar Intimar meu chefe e intimidar um qualquer Olhar a bunda da gostosa Comer o dia com colher Passear pelado pelo parque Viajar quilômetros a pé Desejar só o que não tenho Rastejar na lama, comer grama Derrubar a velhinha de muleta Somente olhar pra quem me ama Colar chicletes na cadeira Deitar e bagunçar a cama... Tudo isso não sei se posso Mas mesmo são, prefiro viajar A lugares distantes onde não posso estar Do que esconder a loucura Que de verdade sou eu.