José, e agora José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu A noite esfriou, e agora José? Como se fosse produto descartável Inválidos na embalagem lixo não reciclável Me sinto ainda com tanta dificuldade Vencido, velho, sem nenhuma utilidade Cansado da vida e saudades muita tenho Do tempo em que era visado meu desempenho Empenho disposição prêmios na empresa Hoje ignorado, esqueceram da destreza Que tinha e ainda todos me queriam perto Hoje rejeitado de lado como objeto Quebrado sem conserto, inútil que só Da trabalho pra família e ainda o que é pior Ouvir dizer que não sei, fica quieto e que sou chato Que não faço nada, exigente folgado (Eu) era feliz e não sabia Hoje estranho no ninho, peso pra família Eu ali no meio conversas risadas Desprezos, minhas fala sendo ignorada E tanto faz tanto vez chego até pensar às vezes Em morte, eu sou invisível entre eles Parentes de longe nenhuma ligação Nenhum contato no mundo, eu me sinto órfão Que saudades do tempo de criança Na roça com meus primos, choro com as lembranças Se soubessem quanto eu tenho pra falar Se soubessem o quanto eu tenho pra amar E se soubessem o quanto ainda quero bem, Aos que amei Se soubessem quanto eu tenho pra falar Se soubessem o quanto eu tenho pra amar E se soubessem o quanto ainda quero bem, Aos que amei E se soubessem o que tenho pra falar E se soubessem o quanto tenho pra amar E se soubessem o quanto ainda eu, eu me importo Com a vida, com vocês, se estão bem, se estão ótimos Sozinho a noite ainda oro em silêncio Pra que tenham boa vida, saúde e penso Que tenho que ser forte com a idade avançada E não deixar pensarem que eu não posso nada Finjo demência a cada alô do hospital Dizendo que é injeção, exames de rotina Finjo que estou bem mais estou mal O que me mata não é o cancer é provar pra minha família Que não sei de nada que estou bem um bocado Pra não deixarem eles preocupado Mais um fim de semana, um domingo tudo ok Hora do almoço mas na mesa, não, não tem ninguém Me torno importante, pra like vai Instagram, Facebook em dia dos pais Mãe, avó, tanto faz, é hilário Me torno engraçado pra conter comentários No foto postada até duas Mas não pega na minha mão, pra travessar a rua Covid19 foi pena sentenciada Mas já tinha isolamento, dentro casa Veio como tortura, preso na solitária Um metro de distancia e não toca em nada Réu julgado, condenado pela idade Sem visita dos familiares Se soubessem quanto eu tenho pra falar Se soubessem o quanto eu tenho pra amar E se soubessem o quanto ainda quero bem Aos que amei Se soubessem quanto eu tenho pra falar Se soubessem o quanto eu tenho pra amar E se soubessem o quanto ainda quero bem Aos que amei Se soubessem quanto eu tenho pra falar Se soubessem o quanto eu tenho pra amar E se soubessem o quanto ainda quero bem Aos que amei Se soubessem quanto eu tenho pra falar Se soubessem o quanto eu tenho pra amar E se soubessem o quanto ainda quero bem Aos que amei