Realidade Cruel

Por Que Que Você Não Fez Te Amar

Realidade Cruel


Cansada de apanhar com requinte de tortura
Sofrer humilhação, pique regime de ditadura
Temer o inimigo do mesmo tipo sangüinário
Só me fazia aumentar o desejo pelo homicídio
Os hematomas pela cara as marcas pelo corpo
De um pai desequilibrado que chegava sempre louco
Usuário compulsivo de tudo quanto era lixo
Desde a pinga no cortiço, o crack no cachimbo
Cansei olhei pra trás procurei ajuda
Me senti igual a um gelo, derretendo em meio a chuva
Só por Deus não te matei com a sua própria arma
No dia que enfiou a cara da minha mãe na privada
Chorei de tanto ódio, ajoelhei pedi pro céu
Que cê morresse na facada, pra mim seria um troféu
Ia ser um pm a menos, desgraçado opressor
Com uma farda sem medalha no enterro sem ter flor

Por que que você não fez te amar...
Ao invés de plantar este ódio em meu coração
Por que que você não fez te amar...
Hoje sinto alivio em te ver furado dentro de um caixão

Você não sabe quantas vezes eu tive que esconder
A sua profissão que se orgulhava em exercer
Da tapa na cara dos mano, enche o rabo de coxinha
Espanca uma pá de truta e até as mina na saida
De shows do Racionais ou do GOG
Você e sua corja de filha da puta da tropa de choque
Porra! Eu sempre fui uma filha obediente
Aos sete ano você me deu um olho roxo de presente
Com os dente todo podre e uma boneca toda fudida
Jurei que pra mim mesmo ia crescer odiando polícia
Só pra ter o prazer de da tiro na testa
De um porco igual a você fazendo bico no hiper do extra
Ou no assalto a banco de brava dando fuga
Te explodindo com a granada, capotando sua viatura
Ia ser um PM a menos, desgraçado opressor
Com uma farda sem medalha no enterro sem ter flor

Por que que você não fez te amar...
Ao invés de plantar este ódio em meu coração
Por que que você não fez te amar...
Hoje sinto alivio em te ver furado dentro de um caixão

Deus tarda mais não falha, no seu caso foi um alívio
Você no tiroteio com a cara furada de tiros
O ódio que você plantou nem se quer fez escorrer
Uma lágrima do meu rosto quando fui te ver
Pálido, gelado, com os olhos saltando pra fora
Como quis te amar, mas sinto que é tarde agora
Você nunca me deu nem um abraço de amigo
Só surra diariamente, me ajoelhando em cacos de vidro
Mas fazer o que pra minha desgraça você é meu pai
Eu só queria que você soubesse que falta você não faz
Como que alguém sentiria misericórdia
De ver a própria mãe vomitando sangue quase morta
A vizinhança assustada, seus atos de terror
Os filhos dentro de casa implorando pelo amor
De Deus pra que um dia tudo aquilo acabasse
Talvez com a sua morte quem sabe a paz reinasse
Então chegou ao fim, e olha como eu te vejo
Do fundo do meu sub-consciente, o meu desejo
Era que você pelo menos pudesse ouvir
O tanto que é doloroso ter que estar aqui
O desprazer que pra mim foi ser sua filha
No cortejo funerário minado de polícia
Do estado de São Paulo, desde o DEIC até a ROTA
Em volta do caixão e você descendo na cova

Por que que você não fez te amar...
Ao invés de plantar este ódio em meu coração
Por que que você não fez te amar...
Hoje sinto alivio em te ver furado dentro de um caixão (2x)