Raul Silter

Revérbero

Raul Silter


Em mim vejo nada
Não posso ousar querer ser
Se nem sei onde estou
Não vejo nada

Tudo que concentra em mim é a vontade de ser
Mas não sou nada
A vida só tem um sentido
Se só junto ser

Passam pernas e medo
Berro segredos
A vida escorrendo das mãos

Tanta certeza
Sobre essa mesa
Fome de palavra e de pão

Tanta verdade
Atrai vaidade
Tudo que é daqui vai passar

Em mim vejo nada
Só posso ousar querer ter
Se já sei quem eu sou
Eu não sou nada

Tudo que vejo por aqui é a vontade de ter
Mas não são nada
Pior é achar que eu sou
E assim contentar

Aceito todo meu medo
Sem mais segredos
Aprendo a me questionar

Somos espelhos
Não seja alheio
A morte não pode fazer nossa vida acabar