Não basta o tempo de saudades longas Nem chuvas grandes prenunciando estio, Pois se a garganta já não traz milongas A sua sede é bem maior que um rio... Feito as barrancas que não vão embora, Fiquei sozinho neste velho cais, Porém o sonho nunca se demora Tal como as águas que não voltam mais! Não basta o sol ou mesmo um céu de estrelas Que se completem num sinal de cruz, Pois se meus olhos já não podem vê-las Não é por falta de nenhuma luz... A minha alma já viveu repleta Perdeu as luzes desse olhar vazio, Mas é preciso escuridão completa Pra que ela sinta tudo o que não viu! Não basta o vento repontar recados, Nem céus abertos pra se libertar, Pois mesmo o sonho que se faz alado Não abre as asas se não quer voar... Em cada porto um novo olhar me espera, Mas não me deixo navegar assim; Minha canoa já ficou tapera Talvez de tanto naufragar em mim! "não basta o tempo de saudades longas Nem chuvas grandes prenunciando estio, Não basta o sol ou mesmo um céu de estrelas Que se completem num sinal de cruz, Não basta o vento repontar recados, Nem céus abertos pra se libertar..."