Um aguaceiro galopeado pega o tranco O gado berra num murmurio de saudade Se alonga a tarde e corre água pra o açude Matando a sede das vertentes destes campos Se foi embora a seca braba do verão Rebrota o pago, volta o verde na invernada A cavalhada, em disparada, no varzedo, Espanta medos que habitavam o galpão A chuva cae e vai correndo pro banhado, Pingos tosados junto a boca da porteira, Guri campeiro num grito de recolhida, Que buena vida numa estância de fronteira. Potrada e gado batem casco pra o rodeio E o aguaceiro desce o morro da invernada Guri taludo debaixo da capa negra Chamando tropa no lombo de uma gateada. Se foi embora a seca sem deixar saudade Final de tarde por reponte de garoa A chuva trança um gosto de mate lavado Revive o pago vejam só que coisa boa.