É novo pião que roda É linda a prenda que dança É forte o canto da moda Mais forte do que a esperança É bravo o canto da roda É caro à quem planta o trigo E se este verso inconomoda Que os justos cantem comigo A força que tem meu verso Não é de meus braços finos É da lei que os campesinos Geraram por rebeldia É da mais grave agonia Que a desigualdade traz É do suor dos piás Que o patrão não avalia É bravo o canto da roda É caro à quem planta o trigo E se este verso inconomoda Que os justos cantem comigo A força que tem meu verso Não vem do berço, não É força que a privação Impõe criando infelizes É força que as cicatrizes Impõe riscadas na gente É força que de repente Faz sementes e raízes É bravo o canto da roda É caro à quem planta o trigo E se este verso inconomoda Que os justos cantem comigo Minha alma combatente Me faz parceira fiel Do soldado sem quartel Que revolve a terra cruel Que sangra e que não recua Plantando pr'a não colher Colhendo pr'a não comer Marchando agora pra rua É bravo o canto da roda É caro à quem planta o trigo E se este verso inconomoda Que os justos cantem comigo Mais do que o verso, não trago Pr'a luta que agora travo Mais forte é o canto do escravo Que canta embora as correntes E a lo largo quando as mentes Se abrirem pra novas normas De certo virão reformas Brotadas dessas sementes É bravo o canto da roda É caro à quem planta o trigo E se este verso inconomoda Que os justos cantem comigo