(Rashid) Lembro de ser nós no famoso barracão, via Toda sua luta pelo pão do dia E eu lá, sem a mínima noção Gastando meu tempo em frente da televisão Vendo a vida passar, me dizendo olá neguim! To de passagem mas ninguém passará por mim Vou falar, o que eu vi, ao vivo e a cores Me ensinou mais do que professores poderiam ensinar Talvez sina, com roteiro lá de cima Minha carta de alforria pra você assinar Se a senhora me criou pra voar, mãe Não poderia subir sem te levar, mãe Por que orgulho é o que eu quero te dar E mais alguma besteira que eu possa comprar É clichê, mas eu fiz por você essa canção Se bem que todas as outras também são... (Rael) São voltas que os mundos dão... São voltas que... Quando eu, meu joguei, onde andei, tropecei, aprendi Que são coisas dessa vida! (Rashid) E com 17 eu sai de casa, Filho quando cresce, diz que ganha asa Pai e dona Nete, Maria Carolina Bota ele na linha, cobra disciplina E com 19 eu fui morar sozinho Agora a responsa é sua garotinho Foi tanto perrêi, só pedia ao rei Que me guardasse onde fui e onde irei pelo caminho Orei como um monge, pequei como um mortal, que sou Doente até fugi do hospital, pro show Pedi uma carona no busão, as vez Minha tia arrumava o da condução, as vez Sofrido porque minha condição Era 0,0 de remuneração, por mês, irmão... Eu pude ter certeza que os meus problemas Tavam numa multiplicação por três Ou mais, comprei jornais E os classificados dizem: Hey, jamais! Té mais. Então... peguei minha bicicleta e parti Fui de Arthur Alvim ao Mandaqui Dormi, no frio de uma calçada de SP Mas quem num tem nada, vai ter medo de que? Ai que eu acordei pra perceber Que quem nunca apanhou dessa vida, Também não sabe se defender, óh. (Rael) São voltas que os mundos dão... São voltas que... Quando eu, meu joguei, onde andei, tropecei, aprendi Que são coisas dessa vida!