Nasci num fundão de campo, na costa de um banhadal. Foi ali que eu me criei, num jeitão xucro e bagual Comendo bóia campeira, tudo que é fruta do mato E furando lixiguana, em meio as unha de gato Quando chegava visita, disparava lá pra horta Dali umas hora espiava, por uma fresta da porta Se fosse pessoa estranha, fugia igual um sorro Me entrincheirava no mato, pra me achá só com os cachorro. Aprendi as lidas de campo, e também fazê alambrado E em dias de enchente grande, atravessei rio a nado De tanto andá pelos matos, caçando em beira de sanga Ando com o couro em tira, de espinho de japecanga. Em pleno mês de janeiro, carpi em milho pendoado Abri muita roça nova, a foice, fogo e machado Virei terra de arado, com a junta de boi zebu E nas noites de lua cheia, ainda corria alguns tatu. Me bandiei pra capital, fui atraz do que reluz Fiquei igual uma mariposa, logo que se apaga a luz Coesta estampa de índio taura, não me adaptei na cidade Voltei pra minha querência, quase morto de saudade.