Se essa canção viesse na forma de um samba Certamente os tamborins Se calariam pra fazer motim Negando o toque e o repique No picadeiro desse seu desdém Do qual você me fez refém Se essa canção viesse na forma de um samba Decerto o surdo retumbante Soaria um tanto destoante Do bater descompassado Do meu coração sambado e ofegante E até mesmo o cavaquinho Solidário, ao ver que definho Se juntaria ao bandolim e ao banjo E daria um toque de choro ao arranjo Se essa canção viesse na forma de um samba E eu te chamasse de minha mulata Ou alguma expressão correlata Somente pra te adular, te adular, então viria Bela, recatada e do lar, quem diria? Nem mesmo se essa canção fosse um belo samba Bem sei qu’isso não passaria De quimera, mera alegoria Enredo de um carnaval Que as cinzas decretam o final Ainda que essa obra fosse Um samba triste, biográfico e doce Dedilhado e cadenciado por um violão Então Você não se abateria Ao posar de rainha de bateria Desfilaria no desfiladeiro Onde jogou meu amor Sem pudor E mesmo que eu recorresse Ao pandeiro à cuíca e o que mais houvesse Eu sei bem que você, muito além do clichê Sambaria, só por zombaria, sobre a minha dor