A madrugada se adelgaça No transpassado das horas, E os lampejos da aurora Moldam as barras do dia, Esboçando a sinfonia Junto a prece dos galpões, Do guasca que em suas razões Retova filosofias. Saboreando os desenganos Num palheiro fumacento, Da mão que empunha os tentos Para trançar eficiência, Nas silhuetas da ausência Brotam sombras da saudade. Amor louco na verdade Que escaramuça na querência. Desquinando a alma chucra, Quando a vida e a labuta, Se confundem ao cismar... Forjando as guapas ânsias Couro bruto das distâncias Que jamais pode sovar! E dos anos garroteados Entre buçais e maneias, As tantas cordas alheias Pras manhas dos aporreados, E dos laços reforçados Ao gosto das encomendas. A lonca em forma de renda, E a alma um couro trançado. Quando inverno e o rigor Assumem junto a garoa... A lida que era tão boa Cede o espaço ao galpão, E aos poucos a pretensão Vai apertando nas tranças Aquelas velhas lembranças, memórias do coração.