Parece até que as figueiras Chovem nos galhos copados E que os cavalos da encilha Já vêm de lombos suados Bailam as franjas do poncho Em contraponto às do baio Talvez, tremendo de frio Neste finzito de maio Cada pisada do pingo Cruzando verdes caminhos Rouba o orvalho do campo Pra cintilar os machinhos Cachorros molham o faro Campeando não sei o que E a manhazita redobra A luz que a tarde não vê Os choramingos do basto Se calam por um instante E as botas mudam de cor No porteirão, mais adiante E o sereno, por ciúmes, vai Tenteando nesta hora Por sementes de ferrugem Sobre o lume das esporas Tresontonte foi a chuva Que afogou marcas de casco Hoje o Sol é quem mateia A seiva que vem do pasto Mas lá na costa do mato O serenal ainda brilha E mostra, antes do cusco Onde se entocam as novilhas O sereno cobra o preço De quem lhe pisa por cima Esta é uma grande verdade Que as alpargatas confirmam