Na rua onde passa o bonde Moça não pode engordar Não trabalha, não estuda Não descansa, é um penar Se o bonde passa Está na janela Se o bonde volta Ainda ‘sta ela Namora á todos É um horror Aos passageiros E ao condutor Todas elas, sem exceção Têm as mangas dos casacos De viverem nas janelas Todas cheias de buracos Algumas eu tenho visto Correrem lá da cozinha Co’a boca cheia de carne Sujo o rosto de farinha Outras, de manhã bem cedo Acordam atordoadas Vem o bonde, elas já surgem Co’as caras enferrujadas As parelhas já conhecem Estas moças de janelas Quando passam se demoram Para olharem para elas Conheço algumas que moram Aonde o bonde não passa Que gritam, fazendo troça Esta rua é uma desgraça! Não passa o bonde Está na janela O dia inteiro Ali passa ela Aos transeuntes Olha com ardor Namora á todos É um horror!