A vorta de lampião Autor poeta Raimundo Nonato da Silva Eu ontem á noite sonhei Que o bandido lampião Estava de vorta ao Brasi Pra da uma correção Nos gabiru de Brasília Que comero o mensalão Armado com um facão O seu rife e um punhá Entrou com chapéu de couro No planato federá Quando a turma de corruto Lhe viro passaro má Foi logo no popular E esculhambou a reca Disse cadê quem levou O dinheiro na cueca Mim traga aqui o safado Pra eu cortar a munheca Disse todo mundo peca E passou pra outra sala Vou pegar o senvegonho Que leva dinheiro em mala E um falso evangélico Quando uviu perdeu a fala Lampião disse eu espremo Prefeito e governador Vou acabar deputado Não vai ter mais senador Outra coisa sem futuro É o ta do vereador Só vai ter mermo eleitor Governador e presidente Prefeito também vai ter Mais se robar nossa gente Eu mato de um e um Não fica um pra semente De onde tira e não bota Se acaba e ninguém descobre Porque a justiça vê Se faz de sega e encobre E os macacos do governo Só sabe preseguir pobe Tenho raiva de quem bota Os pobe pa tabaiá E depois não paga o salaro Que os coitados ganhar Mais na minha vorta agora Quem for rim vai se ajeitar Essa turma do congresso Não durma não se acorde Eu vim acabar o crime A mamata e a desorde Quem não agüentar abra Que o Brasi vai ter orde Vou mudar os generá Comandante e coroné Eu vou botar os meu cabra Porque a mim são fié E os político que robar Eu corto as mão e os pé Secretario nota dez De justiça do Brasi Vai ser meu cabra curisco Armado com um fuzi E o político pá robar Só se for muito imbeci Oto cabra de veigonha É meu cabra jararaca Vai comandar o nordeste Sei que ele se destaca Agora um prefeito robe Pra ser cortado de faca Tudo agora vai mudar Saba que o meu destino É miorar o Brasi E o sertão nordestino Doido é quem se meter Na frente de Virgulino Esses cabras corta jaca E chefe politiqueiro Que quer vender o povão Pa ficar com o dinheiro Onde eu suber que tem um Vou botar um cangaceiro Lampião disse a justiça Do Brasi não ta com nada Ela se vende os políticos Como se fosse cocada Quem vai botar orde agora É eu e minha cambada Disse a justiça é mais lenta Que passo de tartaruga Os eleitor não tem chance E os políticos tem fuga Se os rico sujar as mão A justiça lava e enxuga Lampião disse eu vou ser Advogado e juiz Acuso e faço a defesa Do jeito que sempre quis Quem me desobedecer Eu quebro o pau do nariz O ser humano é de carne A se fosse de madeira Se político virar lenha Vou passar a noite inteira Queimando esses sangue suga De Brasília na caeira Quem sobrar vai pra fogueira Ou para o forno de bolo Eu já não suporto mais Quem faz o pobre de tolo Meu povo não brinque não Em Brasília tem ladrão Que da pa queimar tijolo Chega de justiça lenta Juiz e advogado O político que robar Pro mim mermo ele é caçado Seu pegar o sinvegoi Eu vou matar bem matado Eu mermo faço o jurado E também dou a sentença Eu vou mostrar que não é Como algums marajá pensa E quem se achava o ta Vai ter que me dar a bença Chamou de seiscentos diabo Os políticos que robava Gota serena da peste Lampião arto gritava E falou assim ôxente O Brasi quais se acabava Disse uma gota serena É o ladrão de gravata Porem a despois que eu Acabar toda mamata No eis juiz niculau Mando meter a chibata Lampião pegou os caba E açoitou com chicote Banhou com água de sá Fria tirada do pote Tinha um bucado gemendo De longe eu fiquei só vendo Os caba dando pinote Lampião disse eu só temo A Deus que é pai eterno Eu sei que o Brasi hoje Ta diferente e moderno Mais eu faço a CPI E mando os ladrão pro inferno Uviu seu Lula se esforce Vou da ota chanche a Lula Não beba e viaje pouco Trabai como uma mula Vós me cê é nordestino Com você não tem quem bula Ao invés de avião Lula vai andar de pé Chega de luxo e conforto Mordomia de oté Se não fizer o que eu mando Já sabe como é qui é Pru você ser nordestino Eu li tratei com carim Mais se você no prestar Com você eu vou ser rim Li tiro da presidência E boto Ontôe garotim Disse ele eu já to farto De vê tanta safadeza Eu vim pra tirar a mama De quem massacra a pobreza Finalizou o discurso Dando um bofete na mesa Lampião foi muito macho Provou ter autoridade Mais isso só foi um sonho Não foi na realidade Porque quando eu acordei Vi que não era verdade Mais isso foi Virgulino Que falou não foi eu não Como disse foi um sonho Como sonho é ilusão Nosso Brasi continua Na merma esculhambação Não quero atingir ninguém Da política Brasileira A todos peço desculpa Como sonho é brincadeira Mais se lampião vortasse Fazia dessa maneira