Vou lhes contar a história De um caboclo iluminado Que apesar de não ser letrado Fez prosa e verso pra mim Ele se chamava joão, do vale do mearim Declamou como ninguém seu berço,e seu torrão Dançou pisa na fulô com as morenas do grotão O tropel era tão alto que ouviram no japão Subia em palco e teatro de camisa aberta e pés no chão Ele se chamava joão, dos vales do maranhão Viajou de canoa nas águas do belo mar Tinha medo de avião quando ia viajar Voava nas “asas do vento” Como voa o carcará Ele se chamava joão, da eme do arapuá Preferia pegar o trem de teresina a são luís Saltava no meio da viagem pra chegar logo em Pedreiras onde se sentia feliz Ele se chamava joão e viveu com bem quis Na casa de malaquias comeu peba na pimenta Reclamou do soluço de dona maria benta Mesmo assim continuou Beliscando muita gente Ele se chamava joão, do vale da aguardente No viveiro de mané botou o dedo de rosinha Antes d’ela tirar pipira lhe beliscou A menina reclamou que o dedo dela inchava Ai, ai, ai dor. Ele se chamava joão, com alma de cantador Foi poeta sem estudo Que o mundo aprendeu gostar Sua música foi cantada Por artista de todo lugar Ele se chamava joao, e viveu só pra cantar Hoje vive lá no céu Com seus amigos de fé Luiz vieira, gonzagão Leipinha e "rafaé" Ele se chamava joão do vale, do igarapé Ele se chamava joão, do rio e da maré Hoje vive lá no céu com seus amigos de fé