Favela do Rio, pedreiro de ofício Nenhuma passagem na lei Sem crime, sem vício, com mulher e filhos Que o tratavam como um rei Mas não subestime, a polícia reprime Ser pobre é um crime, meu bem Não entre no carro de homens fardados Que o pobre é o prato da lei O pobre é o prato da lei O pobre é o prato da lei Enquanto os jornais Pediam por mais Efetivos policiais Vocês que lucram com a desgraça humana Espalhando medo como vício Enxuguem esse choro, ele não nos engana Pois vocês são cúmplices nisso Favela do Rio, pedreiro de ofício As ruas irão te encontrar Seu nome, Amarildo, será bom motivo Pra cada um se perguntar Pra cada um se perguntar: A PM tem que acabar? Seu nome, Amarildo, será combustível Para as lutas que vamos travar Vocês que lucram com a desgraça humana Espalhando medo como vício Enxuguem esse choro, ele não nos engana Pois vocês são cúmplices nisso E o grande segredo é espalhar o medo Tornando ele bem natural Como um sorriso, um bocejo, um suspiro Um cochilo durante o jornal Um cochilo durante o jornal Algo assim mesmo banal É assim que é feito o ambiente perfeito Para um regime policial Vocês que lucram com a desgraça humana Espalhando medo como vício Enxuguem esse choro, ele não nos engana Pois vocês são cúmplices nisso Tolerância zero, leis mais duras, pena de morte Filmes que legitimam a tortura Fim dos direitos humanos Elogios à Ditadura, castração química Direito do inimigo, lei antiterrorismo O bom bandido é o bandido morto Diminuição da maioridade penal Amarildo e muitos outros Um pequeno efeito colateral? Sim, um comentário à parte Um povo que se sente seguro Mandando prender suas crianças É um povo covarde Me diz uma coisa, você realmente se indignou Quando anunciaram que os moradores de rua estão sendo exterminados? Ou no fundo, lá no fundo, Você se sentiu um pouco mais seguro? Vocês que lucram com a desgraça humana Espalhando medo como vício Enxuguem esse choro, ele não nos engana Pois vocês são cúmplices nisso