A vida se passa, tudo é tão frenético Observo várias vidas, na espera do médico Então eu escrevo, sim, esse é meu remédio A vida é tão curta, somos tão frágeis Vejo idosos, minha futura imagem Somos a bagagem Nesse trem só de ida Em cima dos trilhos, esperando a partida Como era a sua juventude? Se imaginava nessa sala? Lutando por saúde? Te vejo fraquejando, quando está caminhando De bengala, se apoiando, seu neto te ajudando Sua esposa, ao seu lado Dos remédios é escravo Corpos jovens e sarados Hoje são, doloridos e judiados Alguns em asilos abandonados Sem nenhuma visita, apenas solidão Só saudades no coração O tempo passa e agente nem vê Não valorizamos, até tudo se perde O céu se fecha e começa a chover As lembranças, começam a aparecer E você aí sozinho, começa a chorar Refletindo o porquê o tempo não pode voltar Cara, mano, tô lembrando de tempos atrás Hoje eu chorei, pelos dias que eu sei Que não voltam mais Preso na insanidade, mano eu surtei Saudades dos amigos, que tão no caixão Diabo da risada, das vidas vividas em vão Então, o que vou fazer, ódio tá no coração Alimentando a solidão Sozinho nessa imensidão Sente falta da sua mãe, sente falta do seu pai Pensando em tudo que passou, e ficou pra trás Na cadeira de roda, sentado na janela Sua amada já se foi, mas ainda pensa nela Tá cansado, angustiado nessa casa empoeirada Seus filhos te abandonaram, com a sua empregada Seu coração tá fraco, seu pulmão tá fraco Acorda tossindo, no meio da madrugada Respiração pesada, cai uma lágrima Depois de uma vida inteira, seu coração para O olho se fecha, Deus te da asas Agora voe, para casa