Eu poderia escrever versos sobre o que eu sinto De como as fadas parecem mais verdes com o absinto De como pra não sair com a galera As vezes eu minto E de como minha mente Até parece labirinto De que me embriaga mais um sad song Do que vinho tinto E quanto mais me aperta o peito Mais eu aperto o cinto Meu eu alegre e eufórico Já tá quase extinto Se a lágrima sozinha não desce De caneta eu pinto Se então sem força só o silêncio sai, por dentro eu grito A cada fracasso cara, eu só penso tô frito A mercê de qualquer idiota, chamado de mito Pra ter qualquer direito só na base do conflito Ser chamado de vitimista eu não admito Sociedade é complexa, não sou eu quem complico Quanto mais eu busco entender, mais perdido eu fico Nos 7 dias da semana eu sofro uns 5 A cada momento bom se eu puder eu printo Quando eu falo que eu tô bem, eu me sinto cínico É foda só se quer pensar ainda não admito Acho que o meu caso é de tratamento clínico As vezes sinto que consigo se tentar com afinco Mas o bagulho é tenso mesmo, é sério não minto Vontade de seguir em frente, já não tenho um pingo Mas o óbvio não muda nada, eu penso comigo Questionar só sem dar solução cara é um perigo Igual o mano do lado eu também agonizo Porque o sistema parece que nos explora igual Mas é a pele preta que é feita pra marginal É a mulher sem a equidade salarial É no prato do pobre que o único tempero é sal E olha só desde que eu comecei minha fala Alguma trans já tomou paulada e um índio bala E é por esse povo que eu não vou ficar calado Não vou fazer lacração pra ser idolatrado Porque nessa guerra tem muito soldado enterrado Melhor trocar o que eu acho, pelo que é provado E o país segue cheio de alienado reaça Que acha que comunismo é uma ameaça Não aprenderam criticidade com consciência Nem o rigor pra se obter resposta na ciência Pra que os medíocres possam agora então falar Delírio com verdade eles querem comparar E a grande onda que a gente devia desejar Foi ignorada e na marola estamos a surfar São só migalhas o que eles agora dão pra gente Não sei o que é que fez o meu povo ficar dormente Pegar todo bom senso e só jogar pelo cano Parece que esquecemos do que é que é ser humano Eu não quero que você pense só com o coração Mas que de verdade saiba como usar a razão Não vê-la como uma parada chata de gente a toa Mas como o meio ideal pra se viver de boa Porque coisa melhor pra desfazer mito não existe E dissolver qualquer conceito que te deixa triste Não se culpar independente do que quer que sinta Ou de ainda não ser milionário antes dos trinta Não desejar ter a Barbie top model do lado Ou desfilar na cidade de carro importado Porra é só enxergar tá um palmo a frente Alguém claramente empurrou essas merdas na gente Tu não é da elite, acorda! Caralho! Tudo que tu tem é a tua força de trabalho Se não vender tua força, mano tu passa fome Tu não ganhou herança, nem nobre sobrenome Pra desfazer as forças da alienação A gente tem que começar essa desconstrução Se tu baixar a cabeça, eles chegam primeiro Controle o medo, cara supere o desespero Faça o que for preciso na luta seja safo Faça uma história de amor, ou faça um desabafo Busque a igualdade, busque a união Destrua a pseudociência e a desinformação Busque conhecimento siga firme no plano Sem ter medo do novo ou do seu desengano Jogue fora a certeza, do dogma abra mão Esteja pronto para uma desintoxicação Questione a autoridade, aprenda a dizer não Seremos agentes da desestabilização Siga sempre em frente, nem pense em retroceder De hoje em diante ninguém mais vai te desmerecer Enquanto a liberdade eles seguirem ferindo Nos quatro cantos haverá um de nós desmentindo A hidra irada do gueto vem puta oh yes Pra cada um que cair, levantarão mais dez