Tempo que não dá sossego Carrega o ponteiro um tic-tac surdo Tempo que não tolera atraso Nega o próprio prazo Intento ao absurdo Tempo que nos orienta Alimenta tudo que ostenta a máquina Tempo que nos aprisiona E nos abandona no espaço que se cria Espaço-tempo, esparso vento Leva rente ao peito o sopro que lhe criou Tempo, não venha reclamar ou me dizer Como andar, quando correr Nunca deixe de passar sem pressa Seguindo o mar Tempo que em devaneios Corre em desespero rumo ao nada O homem engarrafou as horas Pra se conformar com seu finito ser Tempo duro como as brasas Que agora, apagadas, não produzem mais luz Tempo que carrega as chagas Traz consigo as pragas e a tudo conduz Há tempos que ninguém se acha E o tempo despacha tudo rumo ao amanhã Tempo que esconde a noite Pra poder aparecer o brilho da manhã