Se é pra botar a mão no fogo, Começo em não botar por mim - Vai que eu canso e me traio... Meu tipo é dos mais vagabundos, Dos mais sem tradição. Eu troco qualquer coisa por Qualquer coisa em outra ocasião: Culpa, abraço, roupa, coca-cola Documento, riso, praga e omissão, Pra eu poder respirar. E não me farto dessa história De semear, de cultivar e colher Todo furor necessário Pra seguir confortavelmente Descartando o que vier Que não for conveniente, Que não for quente e que não for mulher: Ética, impressora, parafuso Compromisso, glória, bem ou malmequer; Isso eu deixo passar. Daí eu digo "vá lá em casa E manda um abraço pro papai, pra mamãe" Pr’eu não te ver nem pintado. Eu faço média, eu faço hora, Faço de conta que eu não sei, Sabendo que isso, às vezes, extrapola, Me calo e fica tudo bem. É tanta coisa dentro da cachola, Tanta coisa que eu adoro detestar Que eu nem posso contar.