Vai pela estrada caindo aos pedaços O triste veículo escrito "rurais". Levando a força dos subestimados Pra dentro dos canaviais. Lá vem as botas e as mãos calejadas E música aflita do bucho a roncar. Pelos caminhos das canas cortadas O dia não deixa a noite chegar. Mas um belo dia eis que chega a alegria De ter tubaína e um magro peru no natal. Sete filhos e meio Sorrindo e vendo a barraforte no quintal. A loteria e o consórcio da caixa Esperam tranquilos a sorte surgir. De noite a reza do terço em voz baixa Pedindo pra deus acudir. De manhãzinha o pão com café e A velha rotina ficando pior. No ponto esperam dormindo em pé Pelo cotidiano que sabem de cór.