Todo dia, chego em casa sempre a ofegar E examino em cada canto, se está tudo em seu lugar Meus comprimidos, que eram quatro, se tornaram seis Três vezes por dia, dois de cada vez Ligo a TV, boto em nenhum canal: Faz som de chuva, e eu gosto Ainda há quem diga que eu não sou normal... Nem ligo, faço o que posso Minhas cuecas de bolinha que mamãe me deu E que eu uso desde o jardim Me definiram como alguém que ainda não cresceu Aaah, mas sou feliz assim! Ah, se eles soubessem que converso com as portas Ah, se lhes contassem que eu adoro flores mortas Ah, tenho certeza que não se aproximaria E viria com essa sua tal mania De julgar tudo o que vê ao seu redor Às vezes penso que esse mundo não é meu lugar Eu não consigo ser perfeito! Não vejo qual é o problema de exercitar Todo esse amor que há no meu peito De onde é que veio tanta gente sem graça Que não passa de "mais um" em meio à multidão? Virou as costas, se postou e ergueu a taça Na briga por mais egoísmo, esse é o campeão Ah, se eles soubessem contemplar a minha arte Não ficaria como se eu fosse de Marte Se lhes contassem tudo que eu tenho medo Descobririam que ainda é muito cedo Nós temos tempo pra nos dar nosso melhor Chega dessa tal mania de julgar tudo o que vê ao seu redor!