- Não há o que fazer, então eu vou sentar e vou me esparramar Sobre os meus feitos e orgulhos (e vitórias) - Toda a violência, todo o racismo, toda a exclusão, toda a opressão Da qual fiz parte – preponderante!! - Então me resta cercar de grades e deitar sob os ossos dos mortos E deleitar o sangue quente que ainda escorre da terra Que é o fruto e resultado de nossos feitos genocidas E da vidas que se foram lutando - Viver e trabalhar, dormir e acordar, horas em movimento E um dia a dia sem sol - Cercado de idiotas que são quase espelhos Que refletem a imagem que vivemos renegando, familiar - Então me resta cercar de grades e deitar sob os ossos dos mortos E deleitar o sangue quente que ainda escorre dos morros Que é o fruto e resultado de nosso silêncio genocida E da vidas que se foram lutando - 35 Milhões de companheiros abaixo da linha de pobreza 70% Da terra e da renda nas mãos de cerca de um milhão Dezenas de mortes no campo, chacinas urbanas, desaparecidos Transformando a vida em shows de tv e em frias estatísticas