Agora é do atrito entre os pés e o chão Que eu tiro a minha música Mas é do atrito de pés dançando Coreografias que não desencadeiam Primaveras nem precedem a chuva Eu já dormi e acordei muitas vezes Não posso me embriagar só de pão, peixes Boas colheitas e flores recém-colhidas Sobre a mesa posta Quero o veneno que a manhã verte Nos olhos do cego O vermelho encarnado Que não atrai touros Nem paralisa automóveis Quero um misto de voo e queda O fôlego morto de uma dança Que sobreviva à música