Não quero, a vida a favor do crack Não quero a vida de fuga na pick up Não quero nome na lapide do tumulo Quero minha vida sem glock sem defunto Triste é saber que pra morte é um abraço Quando tento entender a dor de quem sofre calado Com a morte do ente querido na fuga do baldomero Que ele mesmo escolheu caminho presídio ou cemitério A vida não facilita tudo mano eu sei que é foda Mas vê vale muito sua coroa seus filho na porta Entende qual é o retorno da junção pedra cachimbo 6 furo no peito ou visita nos domingos Lamentável aquela cena você chorando igual criança Paro penso creio Deus, falta esperança No semblante da favela varias vitimas do crack Que cansou de esperar fumou na lata agora é tarde Não viu não teve chance, de sonhar de ser feliz Encontrou facilidade catando as moto raspando chassis Pra depois ser alvo fácil da munição dos cu de farda Que chega impondo medo te deita no chão e pisa na cara Mas não sabe que gera ódio revolta a flor da pele Pra mim num é alegria ver seu corpo no IML Outro cadáver de órgão vendido e o moleque na coletiva Contando passo a passo refazendo o trajeto da vitima Que antes de morrer pediu por Deus tenho família Esqueceu do tio que ele esmagou um outro dia Gernan lopes abismado com a violência dos moleque Num entende um terço da dor, da revolta que prevalece Gerando mais de mil pistolas engatilhadas Na cena 157 que deixa seu crânio com furo de bala Outro corpo na madruga a espera do legista Que chega tira foto põe na bandeja na noite fria Vai receber coroa de flor, crucifixo na sala de casa No caixão não vai as jóias, cbx, corrente de prata Não tentou ser o muleque nota 10 do ensino médio Foi de encontro ao caminho da gaveta, fria do necrotério Só deixou de herança uma taurus moquiada Que é pra acabar com os sonhos do seu filho cheio de mágoas Que guardou de você um santinho com a sua foto Pra servir de incentivo na hora do assalto na fuga de moto Outra estatística pro sistema outro corpo a ser enterrado Cemitério São Luiz, Maceió são relatos Da mãe que chora a morte corpo do filho rajado de bala Na UTI do HGE outra vida indo pra vala Das almas que assinaram seu atestado pelo vicio 357 pente cheio e os neurônios no psicho Mas pro filho da puta que vive no mundo rosa Só vai sentir a dor quando os fuzil bater na sua porta Na mão do assassino invadindo seu barraco Deita de joelho da a jóias e a chave do carro Ou catar o seu filho junto com a grana do malote Pra depois mandar o mindinho lacrado no envelope Vai fazer você implorar de joelhos pedir perdão No sinal não maltratar mais os moleque vendendo feijão Sem chance de ir a escola estudar literatura Filho do submundo outra vida sem estrutura O diagnóstico equivalia condenação a morte 10 minutos de viage e uma vida em choque Nem mesmo a bioética do padre josé gonçalves Vai proteger o seu espírito e sua integridade Conforme o sangue derramado no chão da rua de barro Santa Rita cb1 à tarde o eco dos disparos Abraçado com o malote de que valeu a sua vida Nem mesmo sua trezentas, te livrou da mão da policia Gambé condecorado pelo seu corpo fuzilado Nobel da paz vichi ta sepultado Não quero, a vida a favor do crack Não quero a vida de fuga na pick up Nem o meu nome na lapide do tumulo Quero minha vida sem glock sem defunto