Eu tive um sonho que eu estava em certo dia Num congresso mundial Discutindo economia Argumentava em favor de mais trabalho Mais empenho, mais esforço Mais controle, mais valia Falei de polos industriais De energia discuti de mil maneiras Como que um país crescia E me bati pela pujança económica Baseada na tónica da tecnologia Apresentei estatísticas e gráficos Demonstrando os maléficos efeitos da teoria Principalmente a do lazer e do descanso Da ampliação do espaço cultural da poesia Disse por fim para todos os presentes Que um país só vai pra frente se trabalhar todo dia Estava certo de que tudo que eu dizia Representava a verdade para todo mundo que ouvia Foi quando um velho levantou-se da cadeira E saiu assobiando uma triste melodia Que parecia um preludio baqueando Um frevo pernambucano Um choro do pixinguinha E no salão todas as bocas sorriram Todos os olhos me olhavam Todos os homens sairam Um por um Um por um Um por um Um por um Fiquei ali naquele salão vazio De repente senti frio reparei, estava nu Me despertei assustado e ainda tonto Me levantei fui de pronto pra calçada ver o céu azul Os operários e escolares que passaram Davam risada e cantavam Viva o índio do xingu Viva o índio do xingu Viva o índio do xingu Viva o índio do xingu