Eles se encontram, no cais do porto, pelas calçadas Fazem biscates, pelos mercados, pelas esquinas Carregam lixo, leem revistas, juntam baganas E são pingentes nas avenidas da capital Eles se escondem pelos botecos, entre os cortiços E pra esquecerem contam bravatas, velhas estórias Então são tragos, muitos estragos, por toda noite Olhos abertos, o longe é o perto, o que vale é o sonho Sopram os ventos desgarrados Carregados de saudades Viram corpos, viram mundos Mas o que foi, nunca mais será Mas o que foi, nunca mais será Mas o que foi, nunca mais será Silvavam o mate, sorriso branco, palheiro aceso Viravam brasas, contavam casos, polindo esporas Geada fria, café bem quente, muito alvoroço Arreios firmes e nos pescoços, lenços vermelhos Jogando o osso, cana de espera e pão de forno O milho assado, a carne gorda, a cancha reta Faziam planos e nem sabiam que eram felizes Olhos abertos, o longe é o perto, o que vale é o sonho