O tempo que é muito curto, não seja mais um no escuro, Pra ser considerado não precisa fumar o bagulho Viver neste mundo não dá, moleque não queira ficar Já vi uma pá de cara que não teve tempo pra raciocinar Não vou desandar, não vou vacilar, Minha rima é um estopim, em um só momento pode estourar A mãe se desespera, ao ver seu filho na cela A vida não é muito fácil pra quem vive aqui na favela A droga empeira, a estrada é reta, moleque se defenda É do lado mais fraco que a corda se arrebenta! Você conhece o ditado, mano não ande ferrado Não seja mais um entre mil, Que aqui na quebrada já foram jogados Viraram finados, é caso encerrado O tambor vai parar de rodar, quando o gatilho não for apertado Alguém vai chorar, alguém vai chamar, A luz que me ilumina jamais se apagará! (Refrão) Ouço alguém chorar, vejo alguém me chamar A luz que me ilumina jamais se apagará! Ouço alguém chorar, vejo alguém me chamar A luz que me ilumina jamais se apagará! O tempo passa, o revólver dispara, É mais um corpo na calçada crivado de bala A vida se acaba! (Se acaba!) Não resta mais nada! (Mais nada!) É difícil pensar no futuro com a morte rondando aqui na quebrada Os homens de farda batem na cara, o bote é certeiro e não falha O homem ignora a justiça de Deus É resolve sua guerra na bala. Ensinamento perfeito, vencer parece ilusão Neguinho parado é suspeito e com certeza correndo é ladrão É isso que o sistema ensina, o rico promove o racismo A sobrevivência do preto e o pobre No mundo parece impossível Se a guerra começa com um tiro, o tiro começa uma guerra Não vou apertar o gatilho só pra ver de longe a queda Sou da favela, veja minha quebra: Droga, fome e miséria! Vários malucos daqui se entregaram pro mundo das trevas As portas que estavam abertas, agora se fecharam A luz que brilhava apagou, e as trevas dominaram! (Refrão) O relógio que marca o tempo Marca também sua história! A cada segundo que passa a pilantragem te devora Futuro sem glória, você não se importa Se tem mais um negro na fita É desta maneira que nasce a revolta A morte aqui bate na porta, E o sistema quem segue é o meu povo Não quero voltar ao passado e provar do veneno de novo Mundo leproso, tipo nervoso, me acusa, me chama de louco O lobo está a solta, te lança no fogo, Quem vive escapa por pouco O conflito aqui é constante, a luta é a todo instante A perspectiva almejada se torna frustrada É um sonho distante... Mas aqui prevalece minha rima Eu sigo passando por cima Revidando contra o inferno espero vencer as batalhas da vida Em cada esquina, em cada viela, A batalha não morre pra quem vive nela Algemas se quebram, curando sequelas Alguém vai chorar, alguém vai chamar, Quando Cristo voltar pra favela... Quando Cristo voltar pra favela! (Refrão)