O mar a salgar-nos a vida E a vida sem sal O vento a empurrar-nos a alma Contra o temporal Mas quando o destino foi tudo o que herdamos Dos nossos avós É tão pouca a sorte O vento é tão forte Que há-de ser de nós? As mãos presas na corrente O tempo a passar O mar a gastar-nos os anos O medo a ficar No fundo das águas Descansam mil mágoas do nosso sofrer A manhã clareia A rede vem cheia Que mais posso eu querer? REFRÃO: Quem anda ao mar Não tem dia, não tem hora Nunca sabe quando chega Nem quando se vai embora Quem anda ao mar Não tem dia, não tem hora Nunca sabe quando chega Nem quando se vai embora Os dias são como as ondas É o mesmo vai e vem O mar é como a saudade Não poupa ninguém No vazio da praia Esvoaça uma saia Cor negra a sofrer E se a calma vaga Que a manhã me traga a alegria de o ver REFRÃO Dizem que o mar também chora E é como um marco sem ter farol Chora p'la lua que se foi embora Como uma louca, atrás do sol E ás vezes as fúrias são tantas Que não há ninguém que o possa acalmar A não ser a alma daqueles...que andam ao mar REFRÃO