Ainda me lembro daquela noite Eu já tava sabendo de tudo, conspiração, mó trairagem Meu sócio também tava junto Uma história sem pé, nem cabeça, suando frio e gaguejando Não queria olhar no meu olho O safado tava blefando Eu podia até chacinar O pilantra, família com tudo Pros camarada que tava comigo seria o maior prazer desse mundo Pela primeira vez deixei quieto Mesmo sendo pra mim um insulto Cara de sorte, noite passada foi dia 29 de julho Nos galhos secos de uma árvore qualquer Onde ninguém jamais pudesse imaginar Naquele dia estava tão calmo fato raro de acontecer Aquele cabrito que me jurou Encurralado a minha mercê A queima roupa, encostei no ouvido cinco pipoco tinha resolvido Na hora H ninguém entendeu Não conseguia apertar o gatilho Carrapicho é quem fez o serviço Ficou me olhando assustado "Puxou ferro tem que atirar" Era eu que tinha ensinado Ainda mais aquele pilantra, que me entregou pra polícia Mas ver sua cabeça estourada naquele dia não trouxe alegria Mais tarde não foi diferente, eu fiquei destacado Não consumi nem uma grama, não queimei nenhum baseado Os parceiros meio cabreiro Olhares atravessados Dei muito estilo os muleques estranharam, sou maior culpado se algo der errado Pois a gente podia rodar A qualquer hora, a qualquer minuto Mas eu só conseguia pensar no dia 29 de julho O criador vê uma flor a brotar Foi o dia em que desabei Disse o que eu nunca tinha falado Repetindo uma oração Que eu estava ouvindo no rádio Eu sei era apenas palavras, mas cortava mais que navalhas Vi cortes tão profundo A minha maldade jorrava Esvaziando a ilusão Em que eu acreditava Meu coração disparado, batidas aceleradas O meu pecado ardia e me fazia chorar, chorava tipo comédia, mas eu não conseguia parar Meu erro encoberto por trevas Eu não conseguia enxergar Mas o Sol da justiça raiou E eu vi que eles estavam lá Bem guardado pela covardia Pela contradição dos meus atos, pelo sangue de muitas vidas Por 16 toneladas de impacto O poder do amor violando a desgraça de um verme imundo Sim, eu só conseguia pensar no dia 29 de julho! (Olhai) os lírios crescerem nos campos Naquele dia a paz invadiu brotando por todos os lados Da iminência da morte Pelas frestas do meu barraco Renunciar tudo sempre custa caro Pago o que for, tá decidido Não quero e nem preciso ser instrumento do anticristo Se entendi Ninguém tinha culpa da infeliz ignorância Acreditava que uma pá de papel Valia mais que uma vida humana O caminho, a verdade, a vida Habitando na minha cabeça, no meu sistema nervoso No vazio da minha incerteza De que mesmo que eu ande pelo vale da sombra da morte Jamais temerei mal algum O sangue da graça me cobre Tudo novo, nova criatura Posso ser alguém de verdade Não apenas um vírus maldito, papel higiênico da sociedade Sei que ele é o Alfa, sei que ele é o Ômega É o começo, final de tudo, sei que ele é o Pai da eternidade O passado, o presente, o futuro Sei que ele é o Leão de Judá Sei que ele é espada, sei que ele é escudo Sei que ele é a raiz de Davi Sei que ele é a luz desse mundo Eu te respondo como é que pode alguém como eu saber disso tudo É que Jesus me visitou no dia 29 de julho