Ligo o rádio antigo e ponho um bambo com o som de uma viola pra abafar o caso Tão profundo, choro é mudo dessa menina Ligo o rádio e vem o som de uma viola antiga que abafa o choro dessa cantiga da vida dessa menina, dessa menina Viola, viola, viola É um som que lembra alguém que a viola Viola, viola E ela nem consegue ouvir o som da viola Solidão de manhã no corpo de uma menina Na água do choro dos seus lençóis Brincar de ir à escola de viola no ouvido No sentido de tudo que lhe aconteceu E lá foram as setas em castelos de bonecas e sonhos Durante a noite alguém lhe toca Forçosamente alguém tira a sua roupa Alguém lhe tapa a boca, magoa e sufoca Já tá quase sem forças, mas ainda se esforça Parece um pesadelo, mas não consegue acordar Enquanto tá nesse duelo, ela começa a chorar Tá num deja-vu, e é tão frustrante o facto dela saber que já aconteceu antes Com ela, com a irmã, com a prima mais velha E quem lhes ataca é quem lhes aconselha Quem devia lhe socorrer é quem lhe está a fazer sofrer Porque conhece a fraqueza delas Será que não vê beleza nelas? Ganharam medo do escuro, essas lindas estrelas Ganharam medo da luz, essas lindas velas Grita por alguém, mas esse alguém já 'tava em cima dela E no céu choram os anjos pelos cantos da memória dessa menina E era o sonho a cara do salvador E a dor não sai, ueh, doeu E lá foram as setas em castelos de bonecas e sonhos Ser princesa, ser criança De ter bonecas e a esperança que alguém lhe ajude e que isso mude Lhe ilude durante o dia, mas à noite muda (No choro dessa miúda) Que tanto chora, que tanto implora E até na escola, xé, será que não sabem que alguém Viola, viola, viola É um som que lembra alguém que a viola Viola, viola E ela nem consegue ouvir o som da viola E lá foram as setas em castelos de bonecas e os sonhos E lá foram as setas em castelos de bonecas e os sonhos