Rastro de fogo perfumando a venta Muganga de boiadeira, poeira, anunciação No horizonte o lume do candeeiro A sombra dos cangaceiros O reino de lampião Sobre a terra seca, centelha Vermelha de espinhos e flores De um povo marcado, surrado Foi brado de nobres valores Gibão de couro e bornal Chapéu de Lua e luneta A faca e o terço, um afã Fama que fez a reza, entre cordas e violas Morte e vida Severina no romper da manhã Diacho, é hoje que a bala cantando voa Gritava a cabra, valente que só o cão A má-querênça disparou seu parabelo Nem a guarda do inferno deu conta do capitão Aperreado foi simbora no costado De um azulão alado, na imensidão do céu Buscou guarida na santíssima morada Onde Pedro é velha-guarda, mais uma Silva foi o réu Arreda, homi! Nessa casa tu não entra Trovejou a excelência no portão do casuá Rogou são Jorge, Nazaré e dona Penha Gabriel leu a sentença: O sertão é seu lugar! Sem a bença do padin foi morar No talho de barro, na asa morena Na presa de fera que corre a ribeira Sol no baixo de Gonzaga Na coroa ardendo em brasa Da Imperatriz rendeira Deixa lumiá, lutar é minha sina Quero ver bater de frente com o bando da Leopoldina Sobe o morro do galego protegendo do balaço Cada lampião aceso por outros que apagaram Desce o morro do galego Vai riscando o chão de giz Feito lampião aceso Ilumina a imperatriz