Ouve esta história que te vou contar Não é cor de rosa nem é de embalar É sobre um jovem príncipe herdeiro Que chocou o reino inteiro Com negros feitos de arrepiar Começa quando, por divino querer Ao dar à luz, morreu sua mulher E como que a fugir da dor O príncipe encontrou um novo amor Num aia linda de morrer Mas o rei, sem coração, não viu Esta paixão com bom olhar "meu filho" Ele diz: "ela vem de outro país E a sua família anseia ter o punho em cima do trono. Esse amor tem de acabar!" E passadas as juras, o jovem mentiu E às escondidas, o amor floresceu E os anos passam sem sarilhos Já casados e com filhos Felizes como nunca se viu Numa noite de janeiro, fora a aia num passeio A sós com o luar, e apareceram de repente Uns patifes pela frente, esses cães sem alma nem lei Vinham a mando do rei Para a vida lhe roubar E ela em vão suplicou E de joelhos chorou a alma Enquanto a faca se ergueu Indiferença barrada Viu jorrar para a calçada o sangue E depois adormeceu Murmurando "príncipe meu" O pobre jovem ficou louco de dor Pintou de ódio quem lhe tinha de amor E em fúria sai para matar o pai Só a mãe o fez parar Tornou-se rei e a primeira coisa a fazer Caçar os pulhas que a viram morrer Arrancou-lhes o coração sem dó nem perdão Enquanto estava a jantar Sem conseguir esquecer-se dela e do amor que lhe tinha Desenterrou-a e coroou-a rainha E sob pena de morte, obrigou toda a corte A sua fria e pobre mão, beijar! Se o teu coração, um dia alguém roubar E tudo pareça demais para aguentar Relembra que houve, certa vez A triste história de pedro e inês Que os livros se esqueceram de contar