Me afastei pro meu rincão onde um dia fui guri Com mágoas no coração por um amor que perdi Calou-se a voz da garganta, calou-se a gaita manheira Passei remoendo silêncios envolto em lidas campeiras Mas agora estou de volta pro entrevero do meu povo Quase morto de saudades pra tocar um baile de novo Tirar da alma da gaita um fiambrezito de esperança Dando alento a quem precisa nos volteios de uma dança E se num calor de um fandango numa destas madrugadas Este amor me aparecer não vou fazer quase nada No suspiro da gaita vai me abrir as cicatrizes Num choro chucro por dentro lembrando os tempos felizes Então puxo uma vaneira dando entono pro meu braço Passeio os olhos na sala pro controle do compasso Não existe nada igual a um surungo de galpão E o suspiro de uma china debulhando o coração