Eu botei bota nas duas patas de baixo Manotei o barbicacho, botei talco no chulé Grosei as unhas emparelhando as rachadas Pra que as botas ensebadas me "cabesse bem nos pé" Eu tenho medo de pisar em pé de moça, De quebrar ulguma louça e de fazer algum rasgão Quando me largo não tem chão que não sacuda Naquele deus nos acuda bem no meio do salão Agora sim! ninguém vai me pregar o grito Nuca estive tão bonito num fandango assim tão fino Sei que me chamam de gaudério meio grosso Porque eu solto do caroço e me encomendo pro destino Gosto de dança, só que ando destreinado Sempre esqueço prá que lado me atiro num vaneirão Se é prá esquerda, já me largo tropicando Se alguém vem me atropelando, É porque estou na contramão Suo nas mãos, peço a deus que me defenda De rasgar roupa de prenda tão bonita e delicada E nas "melena" já passei graxa de pata No xucrismo que retrata minha terra abagualada Agora sim! ninguém vai me pregar o grito Nuca estive tão bonito num fandango assim tão fino Sei que me chamam de gaudério meio grosso Porque eu solto do caroço e me encomendo pro destino Que coisa linda um fandango de campanha Onde a chinoca se assanha até o chico vir de baixo A canha é buena num cantil feito de guampa Que combina com a estampa de qualquer gaúcho macho No fim do baile, tô com os calos arrebentando Passei a noite dançando e quem paga a dor é os "pè" Mas não tem nada! volto, embora galopando, Outro sábadoesperando ir sentir cheiro de "muié". Agora sim! ninguém vai me pregar o grito Nuca estive tão bonito num fandango assim tão fino Sei que me chamam de gaudério meio grosso Porque eu solto do caroço e me encomendo pro destino