A memória é uma ilha de edição Mas não é só ela não Ninguém viu nosso primeiro beijo no portão de casa E menti porque eu nunca morei em casa não Mas é mais bonito que dizer que foi na portaria do meu prédio E que eu tava embriagada Minha mão tava suada E tudo que eu pensava é que o porteiro nos vigiava Mas não tem foto, nem poema publicado Ninguém curte, ninguém sabe o nosso lado Quem se importa com o que acontece de fato? Ninguém leu aquela carta que te encheu de lágrimas Só eu vi, mas decidi ficar calada Você subindo a rua do parque com a sacola de discos do Chico Buarque Só o povo lá de casa teve que ouvir "Valsinha" e eu com cara de apaixonada Mas não tem foto nem poema publicado Ninguém curte, ninguém sabe o nosso lado Quem se importa com o que acontece de fato? Se cabe na palma da mão o acesso à ilha de edição A verdade não vale de nada De um espelho falso eu me tornei escrava