No passado eu fui ricão Dono de muito dinheiro Tinha casa no estrangeiro E na garagem um carrão Hoje eu não tenho um tostão Pra comprar um comprimido Vivo como um desvalido Sem grana, sem lar, sem paz Quem já foi e não é mais É mesmo que não ter sido Eu já tive no passado Um comércio na cidade E uma propriedade Na Bahia, um grande estado Hoje eu vivo lascado Andando quase despido De terra, desprevenido Sem comércio e sem reais Quem já foi e não é mais É mesmo que não ter sido Fui um grande criador De gado na região Só touro tinha um milhão Lá no meu interior Hoje eu vivo sem valor Cabisbaixo e abatido Tô vivendo sem sentido Sem gado e sem cartaz Quem já foi e não é mais É mesmo que não ter sido Antigamente eu tinha Mulher bonita demais Todas corriam atrás De mim querendo ser minha Hoje nem uma velhinha Quer me ter como marido De mulher sou esquecido Porque não sou mais rapaz Quem já foi e não é mais É mesmo que não ter sido Eu fui dono duma empresa De ônibus lá no Rio Já fui dono de um navio De fabricação inglesa Hoje eu vivo na pobreza Num viver muito sofrido De um homem bem sucedido Tornei-me um pobre incapaz Quem já foi e não é mais É mesmo que não ter sido Fui um grande cantador Há alguns anos atrás Sucesso e muito cartaz Eu tinha em todo setor Até no exterior Eu era bem conhecido Hoje sou desconhecido Até mesmo dos meus pais Quem já foi e não é mais É mesmo que não ter sido Eu também fui um turista Bem feliz e prazenteiro Viajei o mundo inteiro No meu papel de artista Hoje estou cego de vista E moco de um ouvido Eu não tenho mais saído Nem mesmo pra compra gás Quem já foi e não é mais É mesmo que não ter sido Eu fui um grande doutor Bem famoso e competente Hoje eu sou um demente Sem diploma e sem pudor Não tenho mais o valor Dum juá apodrecido Estou muito mais perdido Que um preá entre os chacais Quem já foi e não é mais É mesmo que não ter sido