Lá no sertão minha vida Era boa e sossegada Lá não me faltava nada Dentro da minha guarida Hoje falta até comida Nesta cidade, patrão A minha situação E de um pobre plebeu Por essas e outras eu Jamais esqueço o sertão Lá no sertão eu ouvia Os passarinhos cantando O seu canto entoando No pé duma serrania Na cidade todo dia Sinto dor na audição Com ronco de avião E veículos de pneu Por essas e outras eu Jamais esqueço o sertão Lá no sertão eu não via O que vejo aqui na rua Mulher desfilando nua Mostrando a mercadoria Lá eu tinha alegria Aqui tenho frustração É um contraste do cão Pode crer amigo meu Por essas e outras eu Jamais esqueço o sertão Lá no sertão tem beleza Do verde a todo momento Na cidade é calçamento Prédio grande e fortaleza O sertão é natureza A cidade é construção Cidade é feita por mão No sertão tudo nasceu Por essas e outras eu Jamais esqueço o sertão Lá no sertão certamente Se vê planta e animais Na cidade tem demais Carro, moto e muita gente Na cidade diariamente Tem gás e poluição Lá no meu belo torrão Isso nunca apareceu Por essas e outras eu Jamais esqueço o sertão Lá no sertão eu comia Sem precisar comprar nada Hoje a comida é comprada E é por alta quantia Lá no sertão não havia Assalto, droga e ladrão Mas dessa esculhambação A cidade se encheu Por essas e outras eu Jamais esqueço o sertão No sertão a mulherada Tem vergonha de verdade Mas aqui na cidade A mulherada é safada Andando quase pelada Na cidade elas estão Subiu a corrupção Mas a moral só desceu Por essas e outras eu Jamais esqueço o sertão A cidade é construida Pelo homem pecador Mas o grande Criador É quem ao sertão deu vida Lá a vida é bem vivida Na cidade não é não Aqui só a inflação Come o salário meu Por essas e outras eu Jamais esqueço o sertão