O vaqueiro na fazenda De alegria é cheio Mas tando na capital Padece grande aperreio E se sente mais perdido Do que cego em tiroteio Vaqueiro na capital Sofre que só a desgraça Vê seu rosto lá no vidro Das vidraças onde passa E pensa que é outro vaqueiro Que está por detrás da vidraça Vaqueiro passa por besta Estando na capital Ver a estátua dum boi Feita artificial E ele vai tanger pensando Que é um boi natural Vaqueiro na capital Roda mais do que cigano Ver alguém de paletó E ele diz cheio de engano O meu gibão é de couro E o desse tonto é de pano Vaqueiro na capital Mostra que não é sabido Ver um padre de batina E ele diz todo aturdido Nesse inferno a gente ver Até macho de vestido Vaqueiro na capital É peixe fora do mar Vendo um rádio ligado Ele diz sem se acanhar Esse troço não é gente Mas também sabe falar Vaqueiro na capital Dá bom dia a manequim O manequim não responde E ele sai dizendo assim Ou cabra mal educado Nem deu bom dia pra mim Vaqueiro na capital Fica pra cima olhando Ele olha para os prédios Quando as nuvens vão passando E ele diz todo assustado Os prédios estão andando Vaqueiro na capital É um trem fora da linha Ver uma TV ligada E ele diz de voz baixinha Como cabe tanta gente Dentro daquela caixinha Sofre quem está doente Num leito do hospital Sofre aquele que é vítima Dum bandido marginal Mas não tem quem sofra como Vaqueiro na capital