Dizem que certo matuto Nunca havia passado Por uma dor de barriga Nem também bucho inchado Mas um dia ele comeu Na casa de um primo seu Bastante milho assado E o excesso do milho fez Sim, pela primeira vez Seu bucho ficar inchado. Ele muito aperreado Sem saber o que era aquilo Foi na casa de um amigo Que se chamava murilo Chegando lá lhe falou: "Meu amigo eu estou Vendo a hora me acabar O meu bucho tá doendo Ficando fofo e crescendo E roncando sem parar!" Quando ele disse isso Ao amigo beradeiro O amigo lhe falou Por essa forma ligeiro: "Amigo, eu sei o que é Você vai ter um bebé E vá pra casa correndo Vá ligeiro sem demora Que eu não dou meia hora Esse bebé tá nascendo!" Nisso o matuto voltou Pra sua casa correndo Soltando arroto choco Bufando muito e gemendo Porque a dor aumentou Mas quando ele chegou Na metade da estrada A dor cresceu de verdade Que lhe deu até vontade De dá uma defecada Quando o matuto sentiu Vontade de defecar Para dentro de uma moita Correu sem se demorar Dentro da moita entrou Tão rápido que nem notou Que ali debaixo estava Um camalião deitado Dentro das folhas socado Que ninguém o avistava Quando o matuto desceu Suas calsas duma vez Na hora que defecou Grande peidaria fez Com isso o camalião Sentiu um susto do cão Quando a peidaria ouviu Deu um pinote danado E saiu desesperado Chega a poeira cobriu Quando o matuto notou Que um bicho ali correu Gritou bem alto dizendo: "Foi meu filho que nasceu E assim que de mim saiu Para bem longe sumiu Que eu não ví nem o seu jeito Ou meu Deus, que covardia Os filhos de hoje em dia Já nasce sem ter respeito!" Descalço de pés no chão O matuto inda correu Atrás do camalião Pensando ser filho seu E gritava de mata afora: "Meu filho não vai embora Assim que nasce tua sai Fugindo de mim, safado Vem pelo menos danado Tomar benção a teu pai!" Mas que moleque danado Assim que nasceu correu Numa carreira tão grande Nem se quer olhou pra eu Mas quanto mais ele corria Mas o bicho se sumia Por dentro dos matagais E o matuto já cansado Com os pés estrupiado Desistiu de ir atrás. Desistiu dizendo assim: "Meu filho eu não pego não Aquele moleque ruim Corre mais do que um cão Aí pra casa voltou Mas no caminho encontrou Uma grande onça pintada Que num pulo absoluto Matou o pobre matuto Com uma só bocanhada. Aquela fera estava Com uma fome da mulesta Sangrou o pobre matuto E arrastou para a floresta E sem mais demora ter Foi o seu corpo comer Lá dentro de uns bambus Depois foi no mato entrando E o matuto morreu pensando Que tinha dado a luz