Fui um jovem disposto até demais Com coragem e com disposição De pegar até mesmo um leão E quebrar seu pescoço para trás Hoje em dia eu já não tenho mais Do que eu tinha nem mesmo a metade A coragem que eu tinha de verdade Na passagem dos anos se acabou O incêndio dos anos devastou A floresta da minha mocidade Meu cabelo era preto igual carvão E eu amava ver ele bem pretinho Porém hoje está muito branquinho Igualzinho um capulho de algodão Sofro muito com má circulação Que as veias não têm mais qualidade O sossego e a tranquilidade Que eu tinha o tempo carregou O incêndio dos anos devastou A floresta da minha mocidade Meu sorriso era lindo e atraente Atraía mulher de toda idade Mas o tempo cruel sem piedade Não deixou minha boca com um só dente A mulher que me ver em sua frente De ficar no lugar não tem vontade Sai correndo numa velocidade Porque pensa que um macaco eu sou O incêndio dos anos devastou A floresta da minha mocidade Os meus olhos estão já sem visão Minha boca está toda sem dente Meus ouvidos estão infelizmente Muito mocos não têm mais audição Não se seguro mais nada com a mão Que o parkisom me fez perversidade Não consigo andar mais na cidade Que as pernas o tempo aleijou O incêndio dos anos devastou A floresta da minha mocidade Sinto dores no corpo toda hora A cabeça não para de doer Cada dia que passa, o meu sofrer Não melhora nadinha, só piora A saúde que eu tinha foi embora Me deixando doente de verdade Que a doença com muita crueldade Do meu corpo a saúde expulsou O incêndio dos anos devastou A floresta da minha mocidade Eu bebia cachaça no passado Eu bebia cerveja e alcatrão Ao invés de tomar hoje um pifao Tô tomando é remédio controlado De comer um churrasco bem assado Hoje eu tenho somente a vontade Mas os dentes e a capacidade Faz é tempo que o tempo me tomou O incêndio dos anos devastou A floresta da minha mocidade Eu fazia amor feito um louco Porque tinha potência e desejo Hoje em dia coitado eu me vejo Com desejo e potência nenhum pouco A mulher só me chama galo choco Porque sente de amor necessidade E eu não faço mais nem pela metade Que a potência que eu tinha já zerou O incêndio dos anos devastou A floresta da minha mocidade Eu comia de tudo certamente Pois não tinha problema de intestino Eu comia a carne de suíno Eu comia até carne de serpente Hoje em dia tô muito decadente Só comendo mingau, pois na verdade Igualmente um bebê de pouca idade Para minha desgraça eu estou O incêndio dos anos devastou A floresta da minha mocidade Meu viver era igual a um jardim Bem verdinho repleto só de flores Exibindo beleza e bons odores Só trazendo prazeres para mim A tristeza que é mau e que é ruim Meu viver hoje em dia ela invade Num deserto de dor e de saudade Minha vida então se transformou O incêndio dos anos devastou A floresta da minha mocidade