Conheci Chico pingunço No sertão do Piauí Foi o maior cachaceiro Que até hoje eu conheci Era um degenerado Só vivia embriagado E repartia a semana De uma maneira vulgar Dois dias para jogar E cinco pra beber cana. O dinheiro que ganhava Não dava nem para as cachaças Quando bebia caía Pelas sarjetas das praças E por lá mesmo dormia Somente no outro dia Era que em casa chegava E com a ressaca da cana O restante da semana Sem fazer nada passava A mulher lavava roupa Dos outros para ganhar O arroz e o feijão Para fome não passar Trabalhando todo dia Coitadinha, conseguia Trazer pra casa o pão Apesar de um olho cego E o Chico não dava um prego Numa barra de sabão E além de não trabalhar Comia o que ela ganhava Nem nas tarefas de casa O infeliz ajudava Ao invés de trabalhar Vivia de bar em bar E também em banca de jogo, Na ruindade era um herói Desses que não se destrói Nem mesmo tocando fogo. Como eu já disse o Chico Quando bebia dormia Pelas praças e calçadas Só vinha no outro dia, Mas sabe o que aconteceu? Um dia ele bebeu Uma cachaça da pesada Mas não foi dormir na rua Voltou foi pra casa sua Três horas da madrugada. Nessa noite aconteceu Uma coisa engraçada O que ele fez com a esposa Foi mesmo uma piada Quando em casa chegou Bateu na porta e chamou A esposa, aborrecido, Ela saiu cochilando Pois por ele esperando Inda não tinha dormido. Quando ela abriu a porta Ele entrou embriagado Ela aí lhe perguntou: “onde estava desgraçado”? Por que vem chegando agora? Tava por aí a fora Atrás de prostituir? Eu não fui nem me deitar Esperando tu chegar Pra eu poder ir dormir!"