Conheci um fazendeiro No sertão pernambucano Rico de terra e gado Chamado João Trajano Casado com Dona Lúcia Filha dum velho baiano João Trajano e Dona Lúcia Tinham somente um filhinho Com dez anos de idade Criado com muito carinho Tinha o nome do pai Mas só chamavam Joãozinho Joãozinho certo dia Chegou da escola chorando Chega o pranto dos olhos Vinha a roupa molhando A mãe quando viu aquilo Foi logo assim perguntando Ou meu querido Joãozinho Por que você chora tanto O que fizeram contigo Conta para mim meu santo Joãozinho foi respondeu Branquinho igual um manto Os alunos na escola Me chamaram cabeção Dizem que minha cabeça Dar pra encher caminhão E por isso mamãezinha Num vou estudar mais não Em toda rua que eu passo Eu ouço o povo falando Chega gente, vem olhar O cabeção vai passando E aonde chego o povo diz Cabeçudo vem chegando! Minha mãezinha querida É por isso que agora Vou viver dentro de casa Não vou sair mais nem fora Aí a mãe de Joãozinho Disse a ele sem demora Joãozinho filho querido Não se preocupe não Quando alguém lhe chamar Cabeçudo ou cabeção Sua cabeça é pequena É inveja desses cão Sua cabeça é pequena Bem feitinha e muito bela É a cabeça mais pequena Que tem em nossa favela Quem lhe chama cabeção Está com inveja dela Vá ao mercado comprar Trinta quilos de feijão Eu estou muito ocupada Não posso ir comprar não Faça-me esse favor Filhinho do coração Joãozinho disse mamãe O feijão eu vou comprar Pra trazer os trinta quilos De feijão eu vou levar Aquele carrinho de mão Que pai tem pra trabalhar A mãe de Joãozinho disse Pra ele bem ligeirinho Não precisa tu levar O carrinho de mão filhinho Dar pra você trazer tudo Dentro do seu bonezinho!