Quem na cana se deprava Perde todo seu valor Perde a honra e a moral A vergonha e o pudor E nem a própria família O trata mais com amor O cachaceiro coitado Colhe somente desgraças Quando fica embriagado Cai nas sarjetas das praças É criticado e zombado E também sofre ameaças O pobre do cachaceiro Por ninguém é respeitado Ninguém suporta ficar Um minuto do seu lado Por que ele zoa mais Do que besouro zangado Amigo é uma coisa Que cachaceiro não tem E aonde ele chegar Ali não fica ninguém A não ser outro pinguço Que está bêbado também Os nomes que dão a ele Não é nem um engraçado É caneiro sem futuro Biriteiro, viciado Cão sem dono, papudinho Pinguço e pé inchado No dia que bebe muito Não tem quem segure ele Dorme em uma calçada Sem ter cobertura nele E os cachorros da rua Mijando na boca dele O sujeito que está Pelo álcool dominado Não tem AA que dê jeito Ao seu vício desgraçado E a morrer de uma cirrose Ele está condenado Confiança no pinguço Não há no mundo quem ponha O chão é a sua cama Papel velho é sua fronha Não tem dinheiro no bolso Nem moral e nem vergonha Todo trocado que pega Leva logo para o bar Gasta todo com cachaça É depois de embriagar Chega em casa bagunçando Querendo tudo quebrar Moído de cachaceiro Até o Diabo enjoa A mulher expulsa ele Não lhe nem uma broa Se a esposa expulsa ele Imagine outra pessoa Pra quem vive na cachaça É triste a situação Não tem o amor do pai Nem da mãe, nem de irmão A não ser de outro pinguço Na mesma situação A vida do cachaceiro Não é boa de viver Bebe quando anoitece Bebe ao amanhecer Bebe cana pra dormir E acorda pra beber