Pequenino, abandonado Sobrevivo no asfalto Vagando a rua em seresta para a Lua Feito de gato e sapato, sem ter nome Meu banquete é o seu resto O que me resta é bastante Da sarjeta vingo a fome Que nunca sente quem tem colo de madame E levo na raça Mesmo sem raça, coleira ou mordaça Não me apetece julgamento ou mágoa Olhai por nós, meu protetor Seja nossa voz, são Francisco de Assis Olhai por nós, pra semear o amor Outra criatura, mesmo criador Nesse mundo cão Quem me der a mão Terá sempre um companheiro Que se entrega por inteiro Então vai e não demora Pega a chave e joga fora Liberdade é pra cantar Besta fera, bicho homem De maldade e cativeiro Ninguém pode tolerar Não precisa dizer nada Teu olhar minha morada Juntos pela madrugada na melhor e na ruim Quando eu partir, enfim, não chores demais Volto em outra vida alegrando teus quintais O meu Brasil é caramelo Vira lata, sem patente Amor infindo que adota a São Clemente De preto, amarelo, sagrado e profano Bate mais um coração clementiano