Naquela tarde, desabou um tempo Que inundou os campos e afogou canhadas. E na coxilha a boiguaçu comia Olhos de animais que tinham luz guardada. Até o fogo se esvaiu vencido Quando a escuridão adormeceu as casas. Na longa noite da querência antiga, Um silêncio morto, a velar as brasas Bola de fogo campo a fora, Corre mas não queima nada... Cuida teus olhos que ela volta: - Cobra de fogo é m’ boitatá Se no verão, nas noites de mormaço Boitatá surgir, de novo, enrodilhada; Jogue teu laço que o ferro da argola Vai trazer de arrasto a cobra amaldiçoada. Campeiro amigo, não é só uma lenda O que simões contava aos homens do passado. A boitatá é cobra transparente, E hoje, de repente, surge ao teu lado.