Seu delegado, Vim trazer meu revorvinho, Que eu ganhei do meu padrinho Quando me tornei rapaz, E há trinta anos Mora na minha cintura, Escorando a vida dura De tropeiro e capataz. Esse revorve Nessas voltas do destino Já salvou muito teatino De apanhar sem merecer, Botou respeito Sem precisar falar grosso, Com ele, muito alvoroço Não deixei acontecer. Mas deu no rádio Que ninguém pode andá armado, E no rumo do povoado Vim tirando a conclusão, Que fiquei louco Ou não entendi a notícia, Porque eu pensei que a polícia Desarmava era ladrão. Ô mundo véio Que tá virado, Seu delegado Preste atenção, Vê se devolve O revorve do tropeiro, Vai desarmar desordeiro E deixa em paz o cidadão. Seu delegado, Se um ladrão bater na porta, Devo fugir pela outra, Me arresponda, sim senhor, E se um safado Me desrespeitá uma filha, Quem vai defendê a família Dum homem trabalhador. É muito fácil Desarmar quem é direito, Quem tem nome e tem respeito, Documento e profissão. Muito mais fácil Que desarmar vagabundo, Desses que andam pelo mundo Fazendo mal criação. Prá bagunceiro O país tá encomendado O povo tá desdomado E quem manda faz que não vê; Nosso governo Quem tem que prendê, não prende, Não vigia, não defende Nem deixa se defender.