Na sombra do mato seco Desencilho estradeiro Fecho e acendo um palheiro Sentindo perto o mormaço Do vapor que sai do pasto Judiado pelos janeiros Nestes limites fronteiros Onde o verde ficou escasso Contemplo o luto do açude Nas rachaduras do barro Um poço raso enlameado Onde a vida se findou O gado já se apartou Campeando outras aguadas Nem a sanga canta as magoas Por que a vertente secou Secou... Os dias passam sem pressa Nesse intenso verão E tudo que molha o chão É o suor que vem da gente Que arando a terra nem sente Que o tempo anda salgado E todo o campo plantado É um funeral de sementes Vez em quando alguma planta Parece que ressuscita Entoa uma prece solita Erguendo os braços ao leo Pra rebentar o solveu Que o mormaço encordoa Pra se libertar as garoas Pra se bandearem do céu Atiro as garras no flete E sigo com céu no rosto Contemplando um desgosto Do sol entonado em brasas E numa esperança rasa Rezo olhando o horizonte Pra que a garoa me encontre Antes que eu chegue nas casa Nas casa...